segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Me torno algo sem nome, mas não mais sozinha

Guardo essa energia com medo de gastá-la em vão, como acontecera tantas outras vezes. Queimo com toda a minha força essa chama que me reduz a cinzas. Vi, com um leve susto, o rato correndo em frente ao café que agora frequento. Um sorriso e um pensamento, "logo, logo, estará ele esmagado a estraçalhar meu sentimento de mãe de Deus". Talvez Bruno entendesse e sorrisse também, se ele estivesse ali, mas já tinha ido embora. Há meses não o vejo com aqueles olhos tietantes. Ficaram tristes os meus olhos. Me permito sentir a dor, ser consumida, orando para que sobrem meu sorriso e minhas mãos ao passar para o outro lado das chamas. Eu não vou mais voltar, mesmo sem saber ao certo o que isto quer dizer. Noite passada realizei um sonho antigo com pessoas que sempre amei. Na casa da Luisa, ela, Marquinho e eu conversamos até nascer o sol. Percebi os primeiros raios quando o Téo, o cachorro, esticou suas patinhas marrons e abriu seus olhos brancos de cegueira. Conversamos sobre a necessidade de amar e, principalmente, de aceitar o amor do outro, sobre músicas boas e ruins, sobre os desdobramentos da vida e como jamais pensei que seria essa a minha tragetória, mesmo sendo tão óbvia. Marquinho tocou seu violão, me ensinou algumas notas e se tornou um amigo querido. Luisa conversava em espanhol e em inglês com seu amado Noah. Eu agradeci cada segundo com eles, recitei minhas poesias favoritas e fui fazer um café. Bebi sedentamente de cada palavra, cada olhar, cada sorriso, porque só existe o agora e consegui ver que naquele agora eu estava completamente feliz. Não era um completamente feliz superficial, que dizem todas as gentes na semana do pagamento ou na véspera de Natal, em que passados alguns instantes já se teriam esquecido do sentimento de infinito. Era um completamente feliz de saber receber o amor e, mesmo meio sem jeito, sem saber o que fazer com tudo aquilo, de costurá-lo cuidadosamente à minha pele, à minha alma. Antes eu olhava do fundo do poço de mim, dos corredores infinitos de meu labirinto, de braços estendidos, pedindo salvação, sozinha, sem ver as mãos estendidas ao redor. Hoje, começo percebo, lentamente, a presença de meus amigos, antigos amores que souberam ficar, familiares e conhecidos. Esta presença que som alegria aos meus dias, que me fazem repensar quem sou e o que sonho. Estou voltando a sonhar! Um amigo me diz "mas amigos também falham!", eu entendo o alerta para eu não colocar a expectativa da minha felicidade neles. Eu entendo e aceito. Tomarei cuidado para não projetar, para não obrigar, para não matar afogados os sentimentos com excesso de cuidado. Pulsa o desejo de ser mãe. Estou à procura de alguém que enfrente essa longa jornada ao meu lado. Jornada que durará o resto de minha vida e mais, muito mais.

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