quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Tudo acontece muito rápido. O amor acaba para recomeçar em outro lugar, com novas pessoas, ambientes, opiniões. O amor acaba. Mas recomeça, também, não nos detenhamos na dor, na primeira parte que sofre e chora, olhemos para a etapa seguinte, a da re- descoberta do outro, daquele que te fará sonhar e sorrir. Alguém diz : "vc me deu, me deu a paz". Outro alguém "eu quero a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta"... O carnaval acabou e minha vida re- começa. Espero encontrar um novo amor.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Um sentimento de luto me completa aos poucos. The Smiths canta "let me get what I want this time, I hadn't had a dream in a long time, so for once in my life let me get what I want, God knows it will be the first time...", agora tudo se esvai, a poeira da ampulheta escorre entre meus dedos, a garrafa abandonada se quebra, a peteca cai em cima do telhado, assim, simplesmente, cada um dos presentes se vai e, por fim, não há mais nada que me lembre o que fui e sou esquecida. Todo o amor, todo o cuidado, se transformam em uma grande bola de fogo que sou obrigada a engolir sorria, sorria, me dizem aqueles por quem o sacrifício é feito. Mas eu não te pedi para fazer nada disso, é sempre a desculpa de quem realmente não me pediu que o fizesse, então, por que diabos o fiz? Para não ser esquecida, para que por um tempo fosse lembrada com carinho. Porque essa imensidão de amor que escolhi viver me engoliu os olhos, a mente, os pés e agora não sei mais qual a cor dos meus cabelos, das roupas que uso, do sorriso costurado no rosto - tenho rosto?, também não sei - não sei... meus pensamentos estão são confusos, minhas mãos tremem assim como minha voz. Não acredito mais naquilo que falo, não mais. Tudo em mim chacoalha como um prédio condenado que é implodido, de baixo para cima, me vejo desmoronar: meus restos de pés, meus joelhos fracos, minhas coxas flácidas, meus seios murchos, meu rosto indiferente. Estou de volta ao chão, o quanto pedi, meu Deus, para não voltar aqui, para não engolir a poeira daquilo que já fui eu!!... em vão... Deus me escuta... de novo ao chão, sem glória, sem força, sem paixão. Ao chão por Nada. Nada foi o nome que dei ao fiasco de amor que pensei ter vivido, estranho como se pode amar unilateralmente uma mesma pessoa por tanto tempo, ferida aberta no meu fígado, luz dos deuses que toquei. I hadn't had a dream in a long time... e quando pensei viver o melhor do sonho, me descobri no pesadelo da Alice, acredite, Alice, acredite. Inútil, não conseguirei matar o Jaguadarte, senão morrerei, somos os dois lados da mesma moeda. O pesadelo que desenhei e vivi enquanto esperava o sono vir, julgava ser sonho, entende? Mas não era. Pesadelo. Pesadelo. Amor. Ele me escorrega pela mão, tento de todas as formas fazê-lo ficar por mais alguns instantes, quem sabe se no segundo seguinte não o terei esquecido? Prezo sua individualidade e espaço, queria tê-lo como a um boto no Rio Amazonas, sabe-lo ali, lindo, sorridente, meu. Ele insiste em ir embora, em não mais voltar, em não mais ligar. Queria saber dizer vá com Deus, que você encontre alguém que te faça tão mal quanto você me fez. Mas só de olhá-lo, me perco em devaneios e sonhos pueris e percebo que é dessa pessoa que ele se cura em mim e em tantas outras que não saberia por onde começar. God knows... até quando? Noto em minhas mãos manchas de sol e estrias de posições intra-uterinas, elas tremem, temem, mentem, o que mais? Elas acariciam, massageiam, desvendam. Quem? Quem quiser, quem puder "pro que der e vier comigo, eu lhe prometo o sol se o sol sair e chuva se chuva cair..." Porque há dias de felicidade incontrolável e dias de tristeza sem fim, não importa como me desperte a claridade, precisarei de uma mão para segurar a minha, de uma boca que me beije doce e calmamente, de olhos que me vejam trocar de roupa devagar... ahh, se soubesse dos arroubos da paixão, não me teria doado totalmente, não me teria sonhado nem me jogado de tão alto, tão alto monte que subi. Apesar de ser ainda por causa desses arroubos incalculados e imprevisíveis que canto todos os dias. Saberia hoje ao menos me olhar no espelho e me ver sem o cara que tenho na cara, cara. "it will be the first time..."



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Quase um Segundo, de Cazuza

Eu queria ver no escuro do mundo
Aonde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas pra te prender
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?

Ás vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pêlos, teu gosto, teu rosto, tudo
Tudo que não me deixa em paz

Quais são as cores e as coisas pra te prender?
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso eu te liguei

Será que você ainda pensa em mim?
Será que você ainda pensa?

A Falta de Erico, de Carlos Drummond de Andrade

Falta alguma coisa no Brasil                                                                      
depois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.


Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.


Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.


Falta um solo de clarineta.





segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Clarice Lispector

E depois de uma tarde de quem sou eu
E de acordar a uma hora da madrugada em desespero...
Eis que as três horas da madrugada eu me acordei
E me encontrei
Simplesmente isso:
Eu me encontrei calma, alegre
Plenitude sem fulminação
Simplesmente isso
Eu sou eu
E você é você
É lindo, é vasto
Vai durar
Eu sei mais ou menos
O que vou fazer em seguida
Mas por enquanto
Olha pra mim e me ama
Não
Tu olhas pra ti e te amas
 É o que está certo.
Não sei se é porque está chuvoso o dia ou porque estou de férias, mas o Tempo se arrasta e eu me arrasto ao seu lado. Nossas mãos se enlaçam e se misturam na lama que nossas lágrimas criaram, estamos no chão. Sem dor ou lástima, nos jogamos com a precisão do jogador de esgrima: espadas ao chão, rostos na lama e nossas roupas alvejadas. Já não nos repudiamos, não brigamos nem descutimos o destino, já passou, já foi. O Tempo, às vezes, me agarra o cabelo e puxa, não vou, não quero perder isso também, não me desvencilharei da queda que me acorrenta e aperta. O Tempo puxa e chora, ao não largar aquilo que me faz mal, perdi tanta coisa e o Tempo geme. O que perdi? Belém Belém nunca mais 'tô de bem, até o ano que vem! O que perdi?! Não sei.



Não nos esgueiramos mais pela terra fétida. Nos sentamos à mesa e sorrimos, escondemos as mãos embaixo da toalha, porque nossas unhas se encardiram e não sai, é verdade, tentamos de tudo e continuam pretas as unhas.  Ao gosto de vinho e alcaparras comemoramos nosso encontro, finalmente... Discutir tudo aquilo que não dissemos minha vida inteira e, nossa!, o Tempo passou rápido. Estou cansada e quero dormir. Ele sorri. Não, não quer não. Você quer repousar suas mãos nas mãos de outra pessoa e esta verá suas unhas sujas e não desejará mais estar ao seu lado. Fico. E como são doces os olhos daquele que nos envolve em mentiras e prazeres, como são doces os olhos negros e profundos do Tempo. Que nos sufoca e apressa. Corre, corre, corre... estou chegando e trago um velho amigo, corra! Morra! Fique! Que estou só e ninguém se volta para mim com qualquer verdadeiro sentimento.


Com minhas unhas encardidas e ensanguentadas, enforco o grito de desespero. Não há mais tempo, não há mais morte, somente eu e minha espada e duas outras mãos para limparem as minhas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Nossas fotos que me perderam o ar...

Era uma vez uma família feliz... E eu e o BB...


Um dia, numa pizzaria, ele fez isso ^^
Acreditar ou não acreditar? Eu me perguntava...
Ehh, acreditei...


Oração da Virada "Senhor, me dê um amor com sabor de fruta mordida, Amém!" E houve um beijo.

Adélia Prado

CORRIDINHO

O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho: 
É descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.

Adélia Prado

TEMPO
A mim que desde a infância venho vindo
como se o meu destino
fosse o exato destino de uma estrela
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca,
piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo
vão me chorar e esquecer.
Vinte anos mais vinte é o que tenho,
mulher ocidental que se fosse homem
amaria chamar-se Eliud Jonatham.
Neste exato momento do dia vinte de julho
de mil novecentos e setenta e seis,
o céu é bruma, está frio, estou feia,
acabo de receber um beijo pelo correio.
Quarenta anos: não quero faca nem queijo.
Quero a fome.


Adélia Prado, linda

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

As ImAgEnS mE CoMpLeTaM...



































Caio Fernando Abreu

"Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. 
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente. 
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”






quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Que já me Disseram

Disseram: hoje assim ao ver-me triste: "Parece Sexta-Feira de Paixão. Sempre a cismar, cismar de olhos no chão, Sempre a pensar na dor que não existe…"
Ah, se eu pudesse revelar a dor que carrego cá comigo, um oceano se tornaria gota. E, se, por acaso, não fosse amor (o que é provável) e rapidamente o meu maior-que-o-oceano secasse, o que eu mostraria ao mundo? Porque se choro minha dor aqui é para que ele-meu-mundo saiba o estrago que me causa sua ausência e silêncio, ou não? Será que me engano?




Disseram que o Amor não existe. Que nunca existiu.




Disseram que estou no tempo de produção, de exploração das minhas habilidades. Discordo. Estou no tempo de observar as mudanças em mim e delas desvendar minhas veredas (clichê).




Disseram que se não há ninho, não há risco do passarinho ser derrubado. Mas se não houver ninho, não há também a promessa de re-novamento da vida e sua perpétua-ação.




Quis chorar, mas percebi que era tarde demais. A dor havia ressecado o maremoto do meu coração.




Há uma corrente de vida em mim que não se contém em me ver abalada, desmoronando em troco de nada. Ela grita e se contorce, me faz virar os olhos e abrir a boca. Já não há som, só a mímica que persiste e afoga minha alma na vida rosa-choque vibrante.




LISTA DE DETALHES SONHOS QUE JÁ VIVI:


*subi no meio-fio para beijar alguém;
*fiz pedido para estrela cadente e se realizou;
*bebi cerveja na boca de outra pessoa;
*ouvi Caetano Veloso no meio da chuva;
*comi em restaurante chique e depois fui para o Parque da Cidade ver o pôr-do-sol;
*vejo dentro dos meu olhos um céu estrelado e o rosto de B... me olhando com carinho;
*recebi resposta do meu pedido para 2012 enquanto o fazia;
*passei a noite acordada deitada em um colchão na sala da pousada com o B.;
*tomei sorvete com M... no centro;

*senti o perfume de D... no vento;
*ganhei Serenata de Amor e Bis de pessoas especiais;

*dei estrelinha na praia;
*encontrei a Stella em Ilhéus;
*tenho amigos eternos;
*me compararam à Amelie Poulain;


Sabe como são fáceis meus sonhos, uma flor no cabelo, uma palavra de adeus, um gesto, qualquer um que já tenha sonhado, e pronto, fez-se um estrago no meu peito e floresce ali um sonho. Ano passado quis ser bailarina (viu no face?)e fui.


Fui ser feliz, fui passar momentos de estresse e alegria... Ouvi uma voz amiga bem perto do palco que me disse baixinho "A..." Como foram doces as gaitadas e o beijo ao final. Como foi eterno o abraço de M... e recompensadoras as lágrimas de minha mãe. Então, decidi: vou continuar sendo bailarina (uma daquelas que Oswaldo Montenegro canta).

Na coxia, perto da hora de entrar, eu pensei comigo mesma: só tenho você, A..., não me decepciona, não, por favor. E entrei. Sorri o tempo todo, não por querer, é que o nervoso era tanto que travou assim, num sorriso tranquilo de quem sabe o que faz. Não sabia, juro.