sexta-feira, 19 de maio de 2017

Hoje

Estou de pé. À minha frente, o nada. Gosto mais de mim quando tenho meus amigos ao redor. Poder olhá-los nos olhos, sem medo de sentir, sem o receio. O abandono não me assusta mais, tenho pena de mim que se sente bem ao estar sozinha. Quero um amor na mesma medida em que sonho com o mar e o vento nos cabelo. Apontar para onde e remar? Aponto para dentro de mim mesma e pulo. Sinto falta do Diu, mas já não morrerei. Pessoas mais importante ainda não tiveram espaço em minhas linhas: Lu, Marcos, Anna, meu doce irmão de quem me lembro com lágrimas de saudade apertada. Pessoas que ficam ao meu lado, não julgam e sempre sabem abraçar sem fim. Sou triste e orgulhosa (nova definição de meu nome?) Agnes, no dicionário de Macondo: aquela que sabe seu lugar, no triste e orgulhoso mundo da solidão; aquela cujo estandarte são as mãos estendidas e os olhos marejados. B. me disse que sou um excelente último amor, a doce ironia de eu existir num mundo que escolheu o desapego ao amor. Assim, me torno única e última, a nunca amada e a última opção. Mas faço de mim minha melhor versão e me amo. É preciso entender Melquíades, e não odiá-lo. Também quero escrever sobre Álvaro e Kalil, doces tentativas de conexão (Diu me volta mais forte quando penso no fracasso).
Meu irmão se fez vivo em minha vida, quando ainda nem existia no mundo: uma melancia na barriga escura de minha mãe. Da infância, apenas alguns momentos compõem meu mosaico. Um Mickey, Max Steels, biloca de diversos tamanhos, dois grandes olhos cúmplices. Na minha adolescência expulsei a todos da minha vida, sinto falta da companhia dele nas minhas cóleras, os mesmo olhos assustados e a certeza de que nunca mais teríamos um ao outro. Algumas músicas foram um caminho de volta, sem abraços ou palavras doces (o incentivo básico para continuar na caminhada). Um grande pedaço de vida foi desperdiçado enquanto competíamos na santidade, no bem querer dos olhos da mãe. Ele se libertou da jaula e me deixou la, nunca me senti tão só, sem a única pessoa que ainda traz amor quando me olha. Eu sozinha na jaula com os leões, eu, doce cordeiro de Deus sendo massacrada por entretenimento doentio. Ele em Recife e eu no mais fundo de mim. Ele voltou e eu na correria do pré-vestibular. Íamos e voltávamos juntos da escola, rindo ou com fome. Nunca mais cúmplices, mas presentes um no universo do outro. Enquanto ouço Adriana Calcanhoto, me lembro "eu presto muita atenção no que meu irmão ouve, e como uma segunda pele, uma capsula protetora". Moramos juntos, ele dividido em três casas, eu sem cobrar nada. Apenas desfruto da presença dele, de quando rimos até a barriga doer, ou fazemos coisas bobas pelo prazer da gargalhada do outro.
Ter meu irmão é saber que não preciso ser sozinha, ele está lá ao meu lado, para me abraçar ou segurar minha mão. 
Agnes "aquela que soube se cercar de pessoas que a amam".