quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O peso chegou

Meus últimos dias estão difíceis demais de carregar, pesados demais, sombrios demais... com o silêncio do universo, me agarro como posso ao que está ao alcance da mão, e mesmo assim falho.
Procurei em vão um ninho onde pudesse depositar com cuidado minhas lágrimas, de dia amantes... procurei nos amigos próximos e distantes. Não encontrei. Acumulo dores para chorar em alguém que as colherá, e se importará minimamente. Não encontrei.
Tudo em mim machuca. Machuca muito, como fotossensibilidade. E não tenho para onde ir. Tenho obrigações urgentes até sexta e não me movo, com medo de não conseguir me segurar no próximo passo. Não posso me dar ao luxo de beijar a lona logo agora, tão perto da saída. Seguro as lágrimas, levanto a cabeça. Respiro fundo uma, duas, três vezes... se eu for realmente chorar, me tranco no banheiro e entre a água que escorre do chuveiro, deixo lavar a alma. E, assim, acaba que sou eu o ninho que espero encontrar. Sou eu meu melhor abraço e minha melhor compreensão do que está acontecendo. O que não significa que o pânico da queda seja minimizado, porque não é.
Cair sozinho é horrível. Até hoje me pergunto se consegui me levantar de verdade, ou se tudo que fiz foram criações da minha imaginação e estou há muito estendida no chão, servindo de comida ao verme.
Isso dentro do peito arde e queima. Pensei em fazer matéria no PosLit, mas desisti. A possibilidade de te encontrar lá me dá ânsia de vômito, prefiro não. Apesar de querer te ver de longe, apesar de sentir falta da sua companhia, apesar de você nem lembrar que eu pedi sua ajuda e estou esperando você me avisar que voltou do carnaval...
Hoje, quis chorar todas as vezes que olhei para ele e ele sorriu. Estávamos lá, um ao lado do outro, mas não estávamos lá. Não toquei, nem sorri. Quis morder e dizer que sentia falta. Fiquei em silêncio. Acho que segurei na mesa com força demais quando você me entregou o livro, porque senti minha mão doer. Seguro firme nas coisas porque a queda é profunda e doi e não posso cair agora. Daqui duas semanas, talvez. Mas não agora. Não agora. Nunca agora.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

E seu nome eu esqueci...

Do I like her? Do I? The imediate answer is no, it's impossible. But, then, I remember her hair, and the color of her eyes. Não... o problema é o que ela me faz sentir sobre mim, não sobre ela. Me reflito no espelho que ela se torna e o que vejo me faz reflexiva. Já fui espelho de muitos, mas nunca antes tinha tido um espelho ante mim, ajoelhado, me implorando um olhar misericordioso. O que vejo? Vejo Diu, aquilo que dele criei e ao que me agarrei nos meus momentos macabros... vejo suas mãos firmes e olhar distante, vejo o que ele absorveu de Will Graham. Tudo isso é meu agora, sou Diu no instante em que olho para ela e sorrio, placidamente, sabendo de sua agonia. Vejo minha incapacidade de sentir qualquer coisa, nem amor, nem raiva... somente indiferença (que acaba quando me deito na cama de Diu e fecho os olhos). Então é isso: a fria superfície que me reflete também vem de mim, sua dureza, sua imparcialidade. Do que me adianta, então, fechar os olhos e fingir que não me observo se todo quarto trinca congelado? Mas o que vejo dentro do peito? Uma chama que ainda esquenta, que ainda sussurra algo maravilhoso e surpreendente: ela só existe porque é reflexo. Por isso não me afasto do espelho, porque o pouco calor que recebo é ilusão, mas me mantém viva.
O que isso significa não sei, seu nome esqueci, só me contemplo Diu, com seus olhos de águia, que perdeu sua parceira, e agora está fadado ao isolamento sentimental. Diu com seu corpo que nada revela de sua natureza intelectual. Diu em cujo peito quente consegui encostar minha cabeça, finalmente!, e descansar do mundo, do espelho, de mim...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Nos mudamos

Você me diz a mesma coisa, na esperança de uma resposta que nunca dou. "Depois do Carnaval quero namorar", você diz. "Posso te apresentar umas amigas, se você quiser." Não era isso, de novo não te digo que aceito, que largo tudo se você me pedir. Mas foi diferente, não foi? O contato desinteressado dos nossos corpos foi interessante, com mais contato, com um pedido urgente meu de uma duração maior, com carinho. Você, em contra partida, me dá aquilo de que necessito: um abraço apertado (e já não era medo...). Se quero te dizer sim?! Tenho em mãos a senha número 001, para ser a primeira e única a ser entrevistada rsrs
Perdão pelo profissionalismo ao levantar da cama precocemente e ir ajeitar meu cabelo, mas não sabia o que fazer, seu corpo ali ao alcance da mão... e nada do que digo se identifica em mim, essas palavras são a pele morta que cai de mim no banho, o que dizer, então? Penso que agora o silêncio me fala mais de nós dois do que tudo isso que tento escrever, mas penso. Penso em você na quantidade de água que bebo e no estranho costume de ficar em frente à BCE depois que ela abre. E rio feliz de ter o prazer desses pensamentos.
Foi diferente... de abraço, corpo e alma, obrigada!