segunda-feira, 13 de junho de 2011

De uma carta de Hélio Pellegrino à Fernando Sabino

"O homem, quando jovem, é só, apesar de suas múltiplas experiências Ele pretende, nessa época, conformar a realidade com suas próprias mãos, sevindo-se dela, pois acredita que, ganhando o mundo, conseguirá ganhar-se a si próprio. Acontece, entretanto, que nascemos para o encontro com o outro, e não o seu domínio. Encontrá-lo é perdê-lo, é contemplá-lo na sua libérrima existência, é respeitá-lo e amá-lo na sua total e gratuita inutilidade. O começo da sabedoria consiste em perceber que temos e teremos as mãos vazias na medida em que tenhamos ganho ou pretendamos ganhar o mundo. Neste momento, a solidão nos atravessa como um dardo. É meio-dia em nossa vida, e a face do outro nos contempla como um enigma. Feliz daquele que, ao meio-dia, se percebe em plena treva, pobre e nu. Este é o preço do encontro, do possível encontro com o outro. A construção de tal possibilidade passa a ser, desde então, o trabalho do homem que merece o seu nome."

sentados: Fernando Sabino e Otto Lara Rezende; em pé: Hélio Pellegrino e Paulo Mendes Campos  

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