domingo, 9 de março de 2014

Morada

Não te direi mais sobre as imagens que me habitam e me permitem pertencer a algum lugar. A estrela na qual morava se tornou uma anã branca e não coube mais a mim ficar por lá. Enquanto penso nisso, lembro-me dos seus olhos e de quando o Mowgli correu até o pantanal (na tradução de Monteiro Lobato), seus olhos me confundiram.
Você me viu. Na minha profunda tristeza, você me chamou para sair, sem medo, sem planos, sem documentos. E você me deixou encostar meu rosto no seu rosto, sentir sua barba, sua cintura. Posso nos criar histórias mil, mas a que mais importa é a que você me disse sobre o tempo passar rápido, o Carnaval, as musas, as músicas e alguma coisa era sexy o bastante para nos manter acordados madrugada a dentro. Talvez, a leve pressão dos seus dedos sobre meu jeans ou dos meus dedos nos botões da minha camisa amarrotada de tanto lhe dobrar as mangas. Ou, então, eram as estrelas, que, tímidas, se cobriam em nuvens cinzas-rosas-transparentes, mas continuavam belas e sexy(ies). E era também o vento, o motivo para nos aconchegarmos mais próximos a cada sopro. 
Não te direi dos beijos mordiscados nem do caminho inevitável que o pescoço trilha suave sobre a pele em pêlo. Não mais... não mais...
Dessa vez, Mowgli voltou para sua alcateia de homens, deixando Baloo e Baghera no profundo escuro da selva.

Adeus, Morada-Pranto.


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