sábado, 16 de março de 2013

Ontem...

Hoje, ao acordar, me senti uma pluma. Sonhei com o quê?, me perguntei aflita. Com o quê não, com quem... Foi com aquele menino-que-já-amou-um-dia, aquele que  Bruno me apresentou na Pindurama... Foi também com o show do Capital e com minhas voltas e voltas e voltas, tudo girava, sabe? e quando me abracei em você foi para não cair no enorme abismo de pessoa-enganada que se abrira ante mim. Se tivesse me perguntado, mas você nem quis saber, e se tivesse se importado um pouco com a angústia que meus olhos não tentaram esconder de você, teria visto que era só abraço o que queria, que se você me desse um beijo bem no meio da cabeça talvez eu tivesse esquecido tudo aquilo que me sugava lentamente para o escuro. O mar continua bonito quando chega na praia, sabia? E eu? Eu nunca mais vi o mar, nem senti as leves bicadas das estrelas multiplicadas cá embaixo... Porque você não me viu... Por quê? 
Você menino-Machado que zoa Clarice, não sabe que sou eu a Sayori, que prefiro parar em frente a vitrines de loja de ferragens a me lembrar que nada sou? Não sabe, por acaso, que senti sua dor ao me falar tudo aquilo lá no ICC? Me pergunto o quanto seria melhor se você tivesse me visto, se, por trás, de todas aquelas endiabruras e risadas insanas você tivesse me sentido. Eu sentia tanto medo de ser engolida inteira que não parei de falar e de rir... e você me olhava meio aterrorizado, meio com medo, sei lá! Mas sei que você me deve um sorvete e que seu abraço nunca foi tão doce e que já ter amado é bom, mesmo sozinho agora. É uma aprendizagem que temos a obrigação de querer reviver, a qualquer preço. Sabe, menino, eu precisei de você como nunca precisei de mais ninguém, nem mesmo o Bruno chegou tão perto de mim assim... E então, você sumiu e eu fiquei sozinha, novamente. Só te peço uma coisa, e sei que não fará, mas insisto: deixe de ver as pessoas pela sua dor, todos temos dores e somos nossas próprias curas. 
Seus olhos ficam comigo quando leio versos drummondianos, e quando tudo vai mal, o que já é quase rotina, me lembro do calor das suas costas e de como me senti protegida dentro do seu abraço. Não me importa sua sina, me importa você me conduzindo ao outro lado do espelho por pura diversão e curiosidade.
Menino-dilúvio, obrigada!



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