quinta-feira, 27 de setembro de 2012

mim?

Me quero beber todo mar que me insulta sem saber se vai ou se fica, a boca seca sem poder tocar, sem poder entrar, porque é morte o que encontraria se me deixasse ir. A Morte me diria "never more, darling.", e quem poderá dizer que não tentei? Vim, não vim?Então, tentei. Corri atrás iludida de correr para longe, e agora? Sou como o mar, indecisa. Triste o meu destino de menina triste, que faz cartas e não se lembra mais delas ao ver lágrimas nos olhos de quem esperava sorriso. E o barulho do mar me confunde em mim o assobio do vento no abismo, o que será que me espera no andar debaixo a sussurrar meu nome no escuro? Escuto, ausculto e vento. Na imensidão da pedra que não toca o fim, na angústia de saber que não virá, nunca mais virá o toc da pedra, espero, espero e nado(a). Já não vivo eu, mas Cristo vive em mim, me dizem lembranças boas e claras. Mas, aquilo que me deixa paz na trilha é elevei os meus olhos para os montes. De onde virá o meu socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra. Meus olhos estão no chão, nas raízes que criei a esperar por socorro. pelo menos agora vivo de luz e serei habitação de passarinhos barulhentos, não é vovó?
Sinto falta de mim, me bebi toda e agora o sal me queima os lábios e me dá sede enquanto caminho, há quantos outros mares a engolir? Há em meus galhos um passarinho razoável que me briga as razões de se estudar, de se mover, de nunca deixar-se abater completamente, será que conto a ele minha real situação de sugadora de águas profundas, que jamais me matam a sede por serem eu e salgadas? Será que este passarinho nunca espetará seu frágil coração numa roseira por tolices? Ando, peso, desabo, me ergo e sigo. É tão prazeroso sentir no ar o sal! Sentir no corpo areia, tombar sem fazer ruído e me afogar. Que bobagem! Me deixo levar até o mais denso do mar e abro minha grande boca sedenta e bebo e sugo e mordo e fico em pé, depois ajoelhada e depois me vou. Mais um deserto, menos um desespero, mas aconteceu de novo!: tenho sede. Olho minhas raízes dilaceradas, já não sou mais árvore. Não contei a verdade àquele passarinho e ele me fez um presente: never more, darling.



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