A dor por trás dos olhos me obriga a fechá-los por tempo indeterminado, enquanto escuto um cara perguntar incessantemente "city of stars, are you shining just for me?". Sorrio. Sou só. A mão que segurava a minha se afasta e não consigo alcançá-la. Mais um adeus e menos de mim para remendar no fim do dia. Meu peso de elefante embreagado cai sobre meu peito e mal respiro. O que quero? A velha que me vigia de canto de olho sabe a resposta, mas não me dirá, benevolente. Reparo no meu jardim secreto e vejo quantos sonhos morrem, uns por falta outros por excesso de água - sempre os mesmos versos baratos a guiar meus passos na escuridão da casa. O vazio do outro. O lugar frio na cama que não mais me aconchega. Eu, fria, jurando por tudo que há de mais sagrado, que não sofro, mas o travesseiro sabe das lágrimas e dos gritos mal contidos.
Elevo meus olhos para os montes, como me torno meu socorro? A Natureza tudo sabe e tudo compartilha, assim como meu pai. Meu pai é a minha Natureza, nele moro e dele depende meu alimento. Sorrio. O que eu quero? Um abraço sincero. Quero que a dor passe, que a mão não se afaste tanto assim da minha, que no rosa da madrugada eu encontre o peito amado e nele me aninhe. O mais importante: quero que ele queira ficar, porque sabe que sou suficiente e que o amo.
No meu delírio febril, vejo a velha se aproximar, ela ri. Seu sorriso é diferente do meu - o dela é verdadeiro. Escuto seus sussurros, mas não os entendo. Seu peso sobre o colchão me traz de volta à realidade, mas qual realidade? Ela toca minhas costas, lá dentro dos meus pulmoẽs. Respiro aliviada. Ela se vai. A dor fica, mas já não estou mais desesperada.
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