Você chegou depois do cinema e me levou para lanchar. Rimos e, por alguns segundos, soube que estava bem. Não me lembro de muita coisa, e você já se acostumou. Na correria da vida, o que eu mais queria era um banho quente e cama, mas você me levou numa aventura. Descer do carro, ver um morto no meio da rua, conversar sobre pessoas que gostamos e que, sem explicação aparente, nos mantêm afastados.
Seu corpo quente mantendo quente as minhas costas, suas mãos pressionando de leve meus seios, sua respiração pesada que virou meu mantra. De uma hora para outra, estou contando o tempo em luas e comemorando aniversário a cada dois meses. E foi tudo assim: de repente. Seus cachos foram feitos para as minhas manias de cabelo, seu corpo para caber numa cama pequena e seus dentes para serem exibidos num sorriso ( apesar de você discordar). Mas o que eu realmente sei sobre você? Seu corpo magro e alto me lembra meu pai, seus olhos tristes não são tristes nem um pouco (talvez antigos...), Sua voz desafina linda e combina com a minha. Quando brigamos, você se cala (mas nunca vá embora!) e espera de mim o primeiro gesto. Eu aprendo muito, principalmente falas de personagens e trilhas sonoras da Disney (coisas distantes para uma pessoa séria que só enxerga o chapéu). Aprendo a fazer carinho e cuidar com calma. Aprendo que eu devo te olhar inteiro antes do amor acontecer e devagar, muito devagar. Aprendo a ser linda e me sentir linda. Mas não sei o que ensino, um dia saberei (quando me for revelado o diário em que escreve nossa vida de casal).
E caminhamos juntos, porque o banco de uma van ou de um carro não nos satisfaz mais; porque não falamos em futuro nem em medos; porque sou sua no momento do encontro e sei que você, por enquanto, se faz meu. Mas tudo começou mesmo com um beijinho no canto da boca como promessa de novas aventuras!
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