A única postagem que não esperava mais encontrar aqui era a sua (com gentilezas). Depois de dias e dias, percebi que talvez fosse vã tanta espectativa (caio no velho erro, já tão manuseado e deformado por minha espera espectadorivante). Um misto de surpresa e alegria e mesmo dor, por que não?, me invadiu, entretanto.Meus cansados olhos acostumados com aquela borboleta rajada de marrom e de preto e de cores além que meu problema de visão nunca permitiu-se ver, de repente sumiu e o que tinha diante de mim era uma cabeça com um enorme ponto de interrogação (parece mesmo com a gente: pobre juventude desperdiçada da vida de Jack...) e um texto. "Quem ousa??!!", "Qual teu nome, covarde borboleteador?" e algumas linhas abaixo, uma bofetada em delicadeza "me chamo André".
Eu sou chamada Agnes. No dicionário de Tlön, significa "aquela que segue com as águas do rio, deixando dentro de si um mar de amores insonhalizáveis (insonháveis + irrealizáveis) sem, no entanto, se misturar rio e mar." (p. 12290, vol. VI). Tb tenho vinte e uns anos e tento sempre olhar para dentro de meu abismo, não para me jogar (que estupidez!), mas porque sou viciada em vertigem... Passo a maior parte do meu tempo na universidade, o que não significa que estou lá a maioria das vezes; tb volto para casa andando do centro, onde trabalho, todas as segundas, quartas e sábados, o que me faz feliz, porque posso ver coisas e pessoas o tempo todo sem me preocupar com o dia seguinte, creio ser esses os momentos menos tristes de minha semana.
Desde que percebi não estar morta, um dia, há muito, lá em Guarapari, amo. Não me importa nome, cor, tipo sanguíneo, opção sexual, faculdade... vejo o melhor da pessoa e amo aquele detalhe, por menor que seja, por inacreditado que tenha sido por seu senhor, por apagado/ desbotado/ engiado que tenha ficado depois do temporal... (afinal, quem é que consegue tirar toda roupa do varal, fechar todas as janelas e colocar os filhos para dentro sem se molhar, pelo menos um cadin??!!) Tenho alguns amigos verdadeiros, outros de ocasião, e outros de beijar na boca, mas todos me encantam e me fazem rir um bom bocado de tempo...
Mas, tem um que vou amar o resto da vida. Ele me olha nos olhos e me enfrenta para colher meu melhor; ele me faz rir de nervosa e acredita que não existe amor ("existem provas de amor, provas de amor apenas... não existe amor"); com ele comi alcaparras pela primeira vez, e não gostei, não; e vivemos bons momentos. Hoje, ele continua lindo s2 e eu me apaixonei, de novo, pelo carinha - do - outro - lado - da - rua, infelizmente, nossos clubinhos são rivais e, esse ano (2011), só o encontrei duas vezes, em fevereiro.O que me fez lembrar:
As coisas
Jorge Luis Borges
A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro.
Um livro e em suas páginas a seca
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Nos servem como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que nos fomos num momento.
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