Meu pêndulo oscila entre amor eterno amor e desinteresse glacial. Você diz que me ama, mas não acredito, assim como não acredito que, um dia, você colocará limite nas pessoas que te cercam. Aliás, você colocou limite em mim, me tirou do seu cotidiano e me relegou a algumas horas de jogos em silêncio e sexo rápido, sem me deixar gozar em nenhuma das situações. A cada dia me entristeço mais, deixo de me importar, de correr atrás, de ser quem eu sou para não machucar seu frágil ego masculino. Ao pensar em te ver, entretanto, nasce em meu coração uma euforia antiga de manhã de Natal. Ao te ver, percebo que você não mudou em nada, a euforia passa e me deixa um gosto amargo na boca, como ganhar o presente que não pedi. Mesmo assim insisto em dizer que te amo, para me convencer talvez? Não sei mais... Você, que me dá aquilo que não peço, que me oferece uma vida que não sei viver e que me abraça quando mais me sinto sozinha, você me machuca tão docemente ao passar o final de semana sem me ver ou me convidar para te ver, você retirou de mim todos os sonhos que nutri sobre a gente e agora aparece aqui em casa quase toda noite. Eu não te entendo! Enquanto me afasto para proteger meu coração do golpe inevitável, decido que não é minha função te decifrar, que não te dou mais o poder de me deixar esperando uma mensagem, que serei para você o que você quer ser para mim: um passatempo. Enquanto me afasto para sonhar momentos novos, você vive seu faz-de-conta com minhas antigas juras de amor e não me vê indo embora.
Talvez você julgue que estou te dando o espaço que você precisa, talvez eu devesse me afastar mesmo. Eu entendo e me afasto. Aceito o que me oferece, mas não é o suficiente para mim. Preciso de mais, mais afeto durante o dia, de mais reciprocidade na entrega, de mais borboletas no estômago. Vejo o amor que sinto morrer por inanição, eu o nutro como melhor consigo, mas tem sempre as suas mãos fechando-lhe a boca e impedindo-o de se alimentar, você e sua recusa em se doar um pouco, também. Desfaleço junto com o amor que nos norteia e, mais uma vez, você não percebe, ou finge que não percebe, e isso é o que doi mais.