terça-feira, 29 de setembro de 2015

Suas fotos em mim

Estou cansada. Coloco as músicas no modo aleatório, na esperança de que algo me toque, e pego suas fotos. O cansaço do dia se deu a todos os sorrisos e "obrigada" que dei, mas também pelo que você me disse há algum tempo (repito feito mantra). Depois de um beijo no sofá da casa fantasmagórica que você visitava, você se afastou um pouco e me falou que estava desacostumado a me ver de perto. Na hora ignorei seu sorriso, seus olhos e o doce calor dos seus braços. Hoje, desejo te perguntar se algum dia você me viu de longe e, se sim, o que foi que você pensou, mas não tenho coragem de te encontrar.
Suas fotos me aproximam de você, vejo o quanto mudou, o quanto não sei, o que poderia te perguntar (mas se o fizesse, teria de revelar meu baú de fotos escondido embaixo da cama). Quero te convidar para minha festa, te encostar uma faca no pescoço e apertar até você me contar da menina que colocou os pés no seu colo, que te julgou um bobo, que achou poesia ao ver seu reflexo no espelho da cabine (será que ela ainda segura essa foto nas mãos e reza baixinho para você perceber que o que falta em você é ela?) Me fala como ela estava vestida para justificar você inteiro encostado no corrimão da escada, ela sorria? Você usava óculos... se lembra quando tirei sua lente do lugar ao te lobotomizar sem querer? Você fica realmente bem de óculos. 
O que eu posso te dizer? Não tiro fotos, não tenho momentos mágicos eternizados por outras lentes, senão as minhas. Será que algum dia alguém encontrará meu baú e recriará minha vida nos pequenos indícios de amor, amizade, medos ou dor nos álbuns que deixo?
Você me olhou diferente na última vez que nos vimos. Foi bom. Significa antes de mais nada que eu mudei.

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